Os trabalhos e projetos de Glayson Arcanjo propõem uma poética conectada
às experiências sobre
a paisagem por intermédio de dois indícios conceituais
que reverberam por toda sua produção
e que nos ajudam a pensar justamente
em
uma amplificação da noção de paisagem para além de
sua acepção mais comum
como sendo apenas
uma vista de
um determinado local. O primeiro indício
diz respeito à escolha do título da exposição começando com o prefixo “des”
que compõe, junto com
a palavra “construir”, uma ideia metafórica para enfatizar ruínas
de prédios destruídos e construções abandonadas
pela cidade, nas quais
o artista intervém, propondo ações
que marcam uma identificação simbólica
com
esses espaços. O segundo aspecto é a ideia vestigial,
ou seja, marcas, sinais,
que, deixados
ou ressaltados pelo artista, fazem parte de uma relação experiencial
e ficcional, na tentativa
de imaginar a vida que ali
se teve, e, portanto,
o que transforma esse espaço
em lugar, considerando que o conceito
de lugar suporta
a ideia de movimento e matéria vivida.
PAULA ALMOZARA